A passagem do ensino fundamental para o médio é, infelizmente, marcada pela evasão escolar. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Educação de 2019 – que constatou que de 50 milhões de pessoas com idade entre 14 e 29 anos, 20,2% não completaram alguma das etapas da educação básica.
Desse total, 29,2% abandonaram o ensino médio por falta de interesse. Esse número diz muito sobre a necessidade de mudança. Assim, o Novo Ensino Médio surge para atender às demandas de formação dos jovens da sociedade atual, marcada pelas tecnologias digitais e por um mercado de trabalho dinâmico.
Dessa forma, o principal objetivo do Novo Ensino Médio é dar autonomia ao estudante e torná-lo protagonista do próprio aprendizado para que ele esteja mais preparado para os desafios reais da vida e mais consciente de suas ações.
Mas, para isso, é preciso tornar a experiência de aprendizagem mais significativa, conectando os interesses dos alunos aos conteúdos estudados. Quer saber como? Confira as mudanças e desafios dessa nova realidade.
Legislação e prazos para adequação
A Lei nº 13.415 de 2017 estabeleceu uma mudança na estrutura do ensino médio, tanto na carga horária quanto na organização curricular.
Algumas instituições de ensino já promoveram adequações ao longo desse período – de 2017 até agora.
Contudo, para as que ainda não se adequaram, a obrigatoriedade será a partir do próximo ano. Essa implementação será gradual, respeitando os prazos conforme abaixo:
- Em 2022: adequação do 1° ano do ensino médio;
- Em 2023: adequação do 2° ano do ensino médio;
- Em 2024: adequação do 3° do ensino médio.
Portanto, até 2024 as três séries do ensino médio deverão estar organizadas conforme a nova legislação. Para apoiar esse processo, a Portaria 521 de 13 de julho de 2021 apresenta o cronograma de implementação desse novo modelo, que será obrigatório para escolas públicas e privadas.
Principais mudanças
Elencamos a seguir as principais mudanças que foram feitas nesse formato educacional para que os alunos possam se desenvolver integralmente:
Carga horária
Sem dúvida, a carga horária é uma grande mudança proposta pelo Novo Ensino Médio. A carga horária de formação geral básica passará de 800 para 1.000 horas anuais.
Então, ao finalizar os três anos do ensino médio, o aluno terá cumprido 3.000 horas-aula, das quais 1.800 serão dedicadas às aprendizagens da BNCC e 1.200 aos itinerários formativos.
Áreas do conhecimento
O ensino médio também vai seguir as diretrizes da BNCC e, diante disso, as disciplinas não serão mais tratadas de forma individual.
Assim, a BNCC integra dois ou mais componentes do currículo em áreas do conhecimento. Em cada uma dessas áreas existem competências e habilidades específicas a serem desenvolvidas pelos estudantes. Para mais detalhes, consulte a BNCC.
Apresentamos as competências gerais da educação básica:
Competências Gerais da Educação Básica – Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#medio
Itinerários formativos
Você deve ter percebido que os itinerários formativos estão em branco na imagem acima, certo?
Isso é porque os itinerários formativos deverão ser elaborados pelas escolas, redes ou sistemas de ensino, conforme o contexto local e as possibilidades das instituições.
Os itinerários também deverão respeitar as competências gerais e habilidades específicas de cada área do conhecimento previstas na BNCC.
Mas afinal, o que são os itinerários formativos? São meios de aprendizado articulados com a BNCC, ou seja, deverão atuar em conjunto.
Com essa proposta, o próprio aluno terá a possibilidade de escolher os componentes curriculares que deseja aprofundar, tanto no sentido acadêmico em uma ou mais áreas do conhecimento (o que chamamos de itinerários integrados) ou ainda na formação técnica e profissional.
Nesse sentido, o estudante ganha autonomia e flexibilidade e, em consequência, o interesse em continuar os estudos aumenta.
Mas atenção: a BNCC orienta ainda que há quatro eixos estruturantes que devem ser considerados para elaboração dos itinerários formativos. Resumimos abaixo, porém, reforçamos a consulta à BNCC para maiores detalhes.
Eixos estruturantes:
- Investigação científica: aprofundamento de conceitos para interpretação de ideias, fenômenos e processos voltados ao enfrentamento de situações cotidianas e demandas locais e coletivas e intervenções que considerem o desenvolvimento local e a melhoria da qualidade de vida da comunidade;
- Processos criativos: construção e criação de experimentos, modelos, protótipos para a criação de processos ou produtos que atendam a demandas para a resolução de problemas identificados na sociedade;
- Mediação e intervenção sociocultural: uso de conhecimentos para mediar conflitos, promover entendimento e implementar soluções para questões e problemas identificados na comunidade;
- Empreendedorismo: formação de organizações com variadas missões voltadas ao desenvolvimento de produtos ou prestação de serviços inovadores com o uso das tecnologias.
Projetos de vida
Diante de um mundo de possibilidades, o projeto de vida tem como objetivo orientar o estudante para a vida cidadã e profissional. Mas para isso, a escola tem um papel fundamental: compreender quais são os objetivos do aluno e apoiá-lo nessa jornada.
Assim, o estudante tem a oportunidade de se conhecer e entender quais são as suas afinidades em relação às áreas de conhecimento, desenvolvendo mais confiança para tomar decisões.
Nesse sentido, os itinerários formativos servem como base para o projeto de vida. Em suma, o projeto de vida é o fim e os itinerários formativos são os meios para alcançá-lo.
Você percebe como está tudo interligado?
Principais desafios
Um dos principais desafios dessa transformação é o planejamento dos itinerários formativos, pois demanda um diagnóstico das necessidades, objetivos e desejos dos alunos, além do entendimento do contexto local e dos recursos disponíveis na instituição de ensino para oferecer as melhores e mais atrativas opções aos estudantes.
Outra questão muito importante é o acolhimento dos professores que podem estar inseguros e resistentes com essa nova realidade. Então, é preciso conscientizar os professores de que as mudanças são necessárias e beneficiarão os jovens.
A capacitação desses profissionais também é muito importante para que consigam atender esse novo formato educacional com confiança e eficiência. Sem dúvidas, os professores deverão trabalhar em conjunto com a gestão escolar e com isso é preciso trazê-los para perto da gestão.
Por fim, a gestão escolar precisa acompanhar o Novo Ensino Médio, identificando oportunidades de melhoria ou ajustes que precisam ser feitos.
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